Sempre confundem minha alimentação sem galináceos com alimentação saudável. Quem dera. Gostaria eu de só comer grãos e leguminosas orgânicas, combinadas de uma maneira nutricionalmente bacana. Em duas postagens de Distrito Vegetal, você já percebe que não é o caso. Não é fácil assim se livrar de uma vida inteira de gordinho à base de junk food e da maneira única que todas aquelas comidas deliciosamente gordurosas combinam com um estilo de vida de vídeo-game, quadrinhos e vinis de rock.
A confusão, ainda assim, é muito comum. Pessoas se assustam quando levanto pra catar um Bono em cima do frigobar. “Pensei que você não comia essas coisas industrializadas”, “não, não” respondo mastigando os 90% de gordura trans pra dentro da barriga. Não que seja algo pra se orgulhar, mas ao mesmo tempo em que problematizamos uma indústria que mata e explora uma infinidade de seres vivos, também podemos problematizar toda a paranóia em torno de um “corpo saudável” e como isso se relaciona com a imposição de padrões estéticos escrotos. Ao mesmo tempo em que que a própria cultura de comer mal e ver nisso um valor pode ser muito conivente com capitalismos, colonialismos e tantas outras opressões, por mais vegan que seja o seu prato de comida. Bem, gosto de pensar que cada pessoa faz o que pode e o que se sente bem. Veganismo como um devir constante.
Certo. O ponto é que se você quer comer fora de casa veganamente, muitas das opções possíveis vão ser lugares de comida saudável, ou Healthy Food, como chamam por aí colonialmente. Uma desses é o Submore que fica ali no final da Asa Norte. O lugar é bem agradável e o pessoal parece disposto a compreender as gambiarras necessárias ao cardápio para se pedir uma comida sem galináceos. Legal.
Você tem a opção de montar uma salada ou de montar um sanduíche. Eu geralmente peço um sanduíche, na baguete ou no pão sírio. Substituto os frios e as pastas por alface, tomate, milho, grão de bico, cebola ou se seu espírito for mais aventureiro, uva passas ou manga (urgh). Não há nenhum sanduíche quente vegetariano,o que é uma pena e um desperdício. Sempre deixo uma notinha nas sugestões pedindo sanduíches quentes sem carne. A única pasta vegana é uma de ameixa, que dá um gosto meio estranho ao sanduba, melhor trocar por alface ou outra salada. Rola um molho de mostarda com mel, se você come mel, ou de picles com azeite.
A porção de batata-frita custa R$ 3,50. É pouquinha batata, bem-feitinha, e nos permite aquela combinação mágica (o prato típico do veganismo brasiliense e já citado anteriormente aqui no DV): açaí com batata-frita. Pô, o açaí é o destaque do submore. O famoso açaí do Juan, La Nieve. Que também é o açaí de uma porrada de lugar chique de Brasília, como aquela Mormaii, que eu nunca fui. Você pode ligar lá na fábrica pra comprar direto com o Seu Francisco. Passei uma parte significativa da minha vida fazendo rock naquela fábrica e recomendo fortemente.
No final das contas é aquele trio típico: sanduíche, batata e açaí. Falta só o brinquedinho pra completar o McLanche Feliz.
Serviço:
Submore, 115 norte.
PS.:Em breve, uma série de postagens com avaliações desleixadamente criteriosas em torno da disputa: qual o melhor açaí do Distrito Vegetal? Deixem suas sugestões.